Rebanho
Deus,
já fiz parte do rebanho.
Não, do que é teu sonho e propósito.
Mas do que foi ópio e ilusão.
Já fui como todos ,
preocupado com o ter: beleza , riqueza , posição.
Sou peixe nadando contra a maré.
Andando na contra mão.
Sou minoria , que corre na utopía da vida ,
parco povo desencontrado a quem tanges,
e sem ignorar contorna com teus olhos de abbá.
Deus ,
já fiz parte do teu gado,
estranhamente espiritual sem saber viver, correr se dar.
Hoje quero apenas ser mais humano...
Ter coraçaõ. Saber amar.
Sonho em ser a mão de Deus estendida
Ao pobre necessitado
Que dá de comer aos famintos, que veste os nus
E auxilia os desamparados.
Sonho em ser um milagre tão esperado,
Que visita os pobres, os velhos, as viúvas,
os òrfaõs e os que são maltratados.
Sonho em ser a força que levanta o cansado,
As pernas dos aleijados e a esperança
dos desesperados.
Sonho em ser a voz que consola os tristes
anima os perdidos e incentiva os encarcerados.
Sonho em ser resposta de oração
dos presos, oprimidos e humilhados.
Sonho e faço uma prece…
Que meus sonhos se concretizem
cada dia mais e mais; e que Deus
Me dê forças que não tenho,
e o consolo que vem Dele.
Quem sou? Frequentemente me dizem que
saí do confinamento de minha cela
tranquilo, alegre e firme
como um senhor de sua mansão de campo.
Quem sou? Frequentemente me dizem
que costumo falar com os guardiões da prisão confiada, livre e claramente,
como se eu desse as ordens.
Quem sou? Também me dizem
que superei os dias de infortúnio
orgulhosa e amavelmente, sorrindo,
como quem está habituado a triunfar.
Sou, na verdade,
tudo o que os demais dizem de mim?
Ou sou somente o que eu sei de mim mesmo?
Inquieto, ansioso e enfermo,
como uma ave enjaulada,
pugnado por respirar, como se me afogasse,
sedento de cores, flores, canto de pássaros,
faminto de palavras bondosas, de amabilidade,
com a expectativa de grandes feitos,
temendo, impotente,
pela sorte de amigos distantes,
cansado e vazio de orar, de pensar, de fazer,
exausto e disposto a dizer adeus a tudo.
Quem sou? Esse ou aquele?
Um agora e outro depois?
Ou ambos de uma vez?
Hipócrita perante os demais
e, diante de mim mesmo, um débil acabado?
Ou há, dentro de mim,
algo como um exército derrotado
que foge desordenadamente da vitória já alcancada?
Quem sou?
Escarnecem de mim essas solitárias perguntas minhas;
seja o que for, Tu o sabes, ó Deus: sou Teu!
Dietrich Bonhoeffer